5 perguntas para Alinne

Alinne Moraes se prepara psicologicamente para viver uma personagem tetraplégica na nova novela das oito da Globo.

Mix – Você foi escalada para interpretar mais um personagem com uma carga dramática forte. Isso te entusiasma?

Alinne Moraes – Acredito que todos esses dramas que encontramos em novelas podem acontecer na nossa vida. Tudo, para mim, é sempre o extremo. Mesmo que esse extremo seja o meu. Prefiro personagens mais complicados. Para mim, trabalhar com papéis mais simples é que é complicado. É difícil, mesmo. Até tento buscar isso, pois acho essencial, mas não é fácil.

Mix – Como é o trabalho de composição da Luciana?

Alinne – Incrível. O interessante na montagem foi que, de cara, olhei para os deficientes com distanciamento. Depois comecei a entendê-los e agora estou em uma fase romântica, de classificá-los como heróis. Essa vida de deficiência é uma superação diária. Estou fazendo todos os procedimentos da personagem na cadeira de rodas. Faço questão de acompanhar como vive uma pessoa que sofre a tetraplegia. Depois que a gente começa a entender mais sobre o ser humano, tudo fica mais fácil.

Mix – Você se questiona sobre como vai se sair, passando grande parte da novela sem utilizar a expressão corporal, tão importante para os atores?

Alinne – Estou tão aberta que não consigo nem pensar nas dificuldades em si. Acho que a dificuldade paralisa a gente. Por acaso, nessa história, vou abordar outro tipo de paralisia. Depois de tanta pesquisa, reconheci que existe a paralisia física e a emocional, relacionada à questão do medo. Vejo que o medo, essa coisa de não se cobrar, de saber qual é o seu maior desafio é o que nos move. Neste trabalho, não vejo grandes dificuldades, pelo contrário. Agradeço e me orgulho muito em fazer um personagem assim.

Mix – Além desse drama, de uma preparação mais profunda, o que acha que esse personagem pode te trazer?

Alinne – Está me trazendo calma, além de uma consciência do presente, de viver mais o agora. Acho que todo mundo depende de todo mundo nessa vida. Vejo que a dependência, em si, não diz respeito somente às pessoas com limites físicos. Todos nós dependemos de alguém, da generosidade do próximo para algo.

Mix – Essa sua preocupação toda com um trabalho acontece desde quando?

Alinne – Desde a minha estreia, em 2002, em Coração de Estudante. Apesar da minha inexperiência e imaturidade, já tinha consciência do meu trabalho. Quando começo uma novela, que dura em média oito meses, é como se eu estivesse ausente do mundo. Me dedico muito. Quando terminar tudo, coloco a vida em dia novamente e vejo o que deixei para trás. Comigo, funciona assim.

Fonte: Gazeta do Sul