18 de novembro de 2009

'Alinne e eu somos parceiras', diz consultora de personagem tetraplégica

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Cadeirante ativista, Flávia Cintra orienta atriz nas cenas de 'Viver a vida.'
Alinne Moraes interpreta modelo que perde os movimentos em acidente.




Flávia Cintra, a orientadora de Alinne Moraes nas cenas de 'Viver a vida'. (Foto: Flavio Moraes/G1 )

 

A vida da jornalista santista Flávia Cintra, de 36 anos, daria uma novela. Aos 18, sofreu um acidente de carro e chegou a ficar tetraplégica. Passada a revolta inicial, empenhou-se em tratamento que lhe devolveu parte dos movimentos, tornou-se uma das mais importantes ativistas pela inclusão social dos cadeirantes e, contrariando a recomendação de médicos, deu à luz um casal de gêmeos.

Veja o site da novela ‘Viver a vida’

Pessoa ideal, portanto, não poderia haver para “treinar” Alinne Moraes em suas cenas em “Viver a vida”. Na novela do autor Manoel Carlos, a atriz interpreta Luciana, uma top model que perde todos os movimentos do corpo em um acidente, mas que dará a volta por cima até o final da trama.

“Alinne e eu somos parceiras”, diz Flávia, que desde maio se encontra frequentemente com a atriz para dar conselhos e esclarecer dúvidas sobre a rotina das pessoas com deficiência, além de compartilhar momentos de sua trajetória de superação.

“Assisti a gravações e ela consegue fazer todo mundo chorar nos bastidores: os câmeras, os outros atores... Ninguém escapa!”, revela. “Eu me emociono também, mas nem é pelo fato de ver tanto da minha história na saga da Luciana, mas por ter a oportunidade de acompanhar de perto o desempenho de uma atriz tão brilhante”. 



Na última segunda-feira (16), foi ao ar a cena em que a personagem de Alinne se desespera ao descobrir que não poderá mais andar. A sequência mostrou Luciana reagindo com revolta e derrotismo ao diagnóstico da tetraplegia – tal qual Flávia no passado. Assista  no vídeo acima a cena com Alinne Moraes

“Acredito que essa seja a reação inicial de todos que passaram por um problema como esse. Andam dizendo por aí que minha história inspirou o autor da novela, mas não é verdade”, ressalta. “Sou apenas a consultora da Alinne. Dizer uma coisa dessas é até injustiça com o Maneco”, opina Flávia, fã do autor bem antes de ser convidada pela produção da Rede Globo para orientar a atriz em cena.

“Não somos heróis, nem vítimas”

Flávia adianta que o vale de lágrima pelo qual passa a personagem de Alinne dará lugar à perserverança nos capítulos de “Viver a vida” que estão por vir.

“Aceitei com muita alegria o convite para contribuir com essa novela, que finalmente mostrará a realidade dos cadeirantes”, comemora. “Nas minhas palestras, sempre falo que a mídia costuma nos mostrar ou de maneira heróica ou como vítimas. Nós não somos nem uma coisa, nem outra: temos nossos altos e baixos.” 

Segundo a consultora, vários aspectos da vida das pessoas com deficiência serão explorados na trama - da escolha da cadeira de rodas à redescoberta da sexualidade.

“A Luciana é linda e vai recuperar sua vaidade. Vai querer voltar a usar roupas bonitas e verá que certos modelões ficam ótimos no cabide, mas para uma cadeirante fica um desastre”, explica. “E que mulher nunca passou por uma situação dessas?”.

Flávia não sabe dizer se a personagem, assim como ela, conseguirá a maior das vitórias: a maternidade. “Quando engravidei, um médico chegou até a sugerir um aborto, porque meu corpo não seria capaz de suportar uma gravidez. Se eu fosse uma pessoa desinformada, talvez tivesse seguido esse conselho”, conta.

“Sempre acreditei ser capaz de tudo, por mais que existissem dificuldades”, revela a mãe coruja dos gêmeos Mateus e Mariana, de dois anos e meio.


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