4 de dezembro de 2009

Revista Criativa: Sou passional e intensa demais

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Dezembro 2009

Atriz diz estar sempre à beira de um ataque de nervos – a ponto de ter taquicardia em uma gravação e não ensaiar cenas muito emocionantes de Viver a Vida. “Na hora, o sentimento vem com força”


Martha Mendonça. Styling Heleno Manoel



 
Alinne Moraes surpreende já na chegada ao estúdio, na Gávea, Zona Sul do Rio, onde será feita a sessão de fotografias. Sem nenhuma maquiagem, usando um vestido de malha solto estampado de azul e branco, sandália de dedo e cabelo preso, a atriz impressiona pela beleza absolutamente natural. “Não curto maquiagem no dia a dia e gosto de roupas bem simples”, afirma. “Tenho pouco tempo de folga. Prefiro beijar na boca a ir ao salão de beleza.” Na pele da personagem mais comentada do horário nobre, aViver a Vida, que fica tetraplégica após um acidente, Alinne tem trabalhado todos os dias, incluindo domingos e feriados. Nas últimas gravações, ela conta, chegou a ficar sete horas presa a uma cama, com enormes dores nas costas. Mas há recompensas: Alinne tem sido elogiada pelas cenas dramáticas – em que pode se expressar apenas com o rosto. Segundo a atriz, a emoção da atuação é tão forte que ela chegou a ter taquicardia no momento em que sua personagem recebeu a notícia de que não iria mais andar. “O corpo da Luciana está morto, não poderia se mexer. Por isso usaram mais os closes”, diz. Alinne não ensaia esse tipo de cena. “Apenas decoro. Sou passional e intensa demais, estou sempre à beira de um ataque de nervos, para o bem ou para o mal. Na hora, o sentimento vem com força”, afirma.
modelo Luciana de

Viver a Vida, de Manoel Carlos, é a sétima novela dessa paulista de Sorocaba que foi criada pela mãe, Ana Cecília, funcionária pública. O pai só a reconheceu já adulta, e morreu em 2007. Linda desde pequena, aos 12 anos ela já fazia capas para revistas de moda e foi morar no Japão. Em 2002, aos 19, o bocão e os olhos azuis chamaram a atenção do diretor Ricardo Waddington, que a convidou para participar da novela Coração de Estudante. Ela viveu a mãe solteira Rosana – e descobriu uma nova profissão. De lá para cá foi uma novela atrás da outra, com destaque para a estudante lésbica Clara, de Mulheres Apaixonadas (2003), e a vilã Silvia de Duas Caras (2007). “Se você me perguntar qual é o meu sonho, eu digo que ele está acontecendo todos os dias”, diz Alinne. Ela nasceu com um “n” só no nome – Aline Cristine Morelli de Magalhães Moraes. Assim que virou atriz, aceitou a dica de uma amiga numeróloga e mudou. Será que isso explica seu sucesso? “Não sei, pode ser. Nessas coisas eu acredito desacreditando.” 


Alinne atribui parte do seu sucesso na novela à química com Lília Cabral. Como mãe e filha, elas têm feito as cenas mais marcantes da trama e levado a equipe e os telespectadores às lágrimas. “Eu sempre sonhei contracenar com ela. Engraçado é que a voz dela parece com a da minha mãe: sotaque paulista, uma coisa ritmada”, diz. Alinne se emociona quando fala da personagem. Para sua preparação, ela conta com a ajuda da jornalista Flávia Cintra, tetraplégica desde a adolescência. A atriz ainda não sabe o destino de Luciana, mas espera que ela não volte a andar. “Sei que o público espera por isso. Mas ela pode ter um final feliz, sim, mesmo estando na cadeira de rodas. Porque essa é a realidade”, afirma.
Conhecida pela atuação em novelas, a atriz ambiciona um bom papel no cinema. Ela fez apenas um longa-metragem, Fica Comigo Esta Noite, de João Falcão, e uma pequena participação em Os Normais 2. Reclama que não lhe oferecem personagens interessantes na tela grande – apenas aqueles que se parecem com o que ela já faz na TV. “Ainda existe muito preconceito por eu ter sido modelo, por ser um rosto de propagandas. Meu rótulo é de artista comercial”, diz. Já posar nua não está em seus planos – apesar dos inúmeros convites. É verdade que este ano ela tirou a roupa para um livro do famoso fotógrafo Mario Testino e também se vestiu apenas de tatuagens na última capa da Rolling Stone brasileira. “Mas revistas masculinas não se encaixam na minha ideia de foto artística”, afirma. Nem por muito dinheiro? “Posar nua só por um trabalho bacana, de graça”, diz.



A atriz ainda não sabe o destino de Luciana, mas espera que ela não volte a andar: “Sei que o público espera por isso. Mas ela pode ter um final feliz, sim, mesmo estando na cadeira de rodas. Porque essa é a realidade”

Quando não está trabalhando, Alinne curte sua casa. Ela mora há dois anos no bairro do Itanhangá, com o casal de golden retrievers Artur e Aurora. É orgulhosa do seu pomar, com pés de acerola, limão e banana. “Parece que estou de volta à chácara do meu padrasto, onde passei parte da infância no meio de galinhas, patos, coelhos”, diz. A atriz gosta de receber em casa e comer bem. “Fui criada com comida pesada: dobradinha, feijoada. Na minha família, a gente comia macarrão com farofa, pode?” De vez em quando a balança solta o alarme, aí ela segura a onda. Ultimamente, porém, tem emagrecido com facilidade. O motivo é a correria do trabalho. “Como estou sem tempo para fazer o meu balé, também perdi tônus muscular e aí pareço mais fina”, afirma. Alinne se classifica como falsa magra: ombros estreitos e cinturinha, com quadris largos e pernas grossas. Nos raros momentos de tranquilidade, ela tem ouvido a baiana Maria Gadú, e, quando consegue, lê filosofia – uma paixão recente. Há seis meses, a atriz namora Rodrigo Mendonça, dono de um bar no bairro da Lapa. É lá, e também no igualmente boêmio Santa Tereza, que ela se diverte a dois ou com grupos de amigos, nem sempre famosos. A atriz prefere frequentar lugares em que não há celebridades. Sem elas não há paparazzi. “Não sou escrava da fama nem da beleza”, afirma Alinne.
Olhando os traços perfeitos de Alinne, dá a impressão de que a beleza é que é escrava dela. Enquanto se maquia, a atriz comenta que, este ano, sua idade saiu errada em todas as entrevistas que deu. “Eu tenho 26! Só faço 27 em 22 de dezembro, quase fim do ano. Mas as pessoas olham que eu nasci em 1982 e já tascam 27! Vê se não vai errar também”, diz. É pura brincadeira, avisa a atriz. Ela afirma que não vê problema em envelhecer. E não pensa em plásticas. Ri dos boatos sobre seus lábios grossos serem falsos. E conta todos os apelidos que ganhou quando criança, na escola: bocão, bocarra, beiçola. Diz que acha ruim o botox exagerado. “Pode estragar a expressão, que é importante para quem representa. Mas talvez daqui a algum tempo eu coloque silicone nos seios. Eles já eram grandes desde que eu era muito nova, e o destino é mesmo cair”, afirma. “Ou talvez eu esteja influenciada pelas mudanças de padrão: hoje os seios estão inflados, pra cima”. Quinze minutos depois, já vestida para a primeira leva de fotos, a atriz surge com o peito apertadíssimo por um corpete – e os seios quase no pescoço. “Ó, foi só eu falar, né?”, diz, ajeitando o volume sob a roupa. Depois, olhos fechados, ela dança sorridente para o making of da produção – com maquiagem, saltos que a deixam com quase 1,80 m e cabelos esvoaçantes pelo ventilador. É outra Alinne. Entre as cerca de 15 pessoas que estão no estúdio, ecoa um único adjetivo: linda, linda, linda.

Vestido Gloria Coelho


MANOEL CARLOS: “A ALINNE É TALISMÔ

Um depoimento do autor de Viver a Vida que a atriz vai gostar de ler

“Eu precisaria de mil páginas para falar de toda a minha admiração por ela. Mas vou tentar: a Alinne é talismã. É grande prêmio. É a sorte. Uma atriz como ela, num elenco, mexe com toda a estrutura de representação da novela, pois a tendência é que todos procurem balizar por ela o trabalho que fazem. Isso é altamente positivo, é a tal concorrência criativa e honesta. Quando pensei na personagem Luciana, pensei na Alinne. Nem sequer me ocorreu qualquer opção, pois sabia que ela seria a intérprete perfeita para uma personagem tão complexa. E o que estamos vendo no ar, todas as noites, é um trabalho irrepreensível, digno das grandes atrizes. É o que Alinne é. Uma grande atriz que não deve nada a nenhuma outra. Para ela, o meu beijo e o meu agradecimento pelo ser humano maravilhoso que é. E por estar comigo em Viver a Vida.” 




Retrospectiva 2009 e planos 2010 de Alinne 



Produção executiva: Kariny Grativol
Beleza: Max Weber (Prime Talents)
Produção de moda: Rita Lazzarotti
Assistente de beleza: Krisna Carvalho




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