21 de março de 2010

Revista 'Joyce Pascowitch': A hora e a vez de Alinne Moraes

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Março de 2010


Alinne Moraes conseguiu uma coisa rara no meio artístico: apesar de ter sido modelo e começado na TV aos 17 anos como mais um rosto bonito, fez, em dez anos de carreira, personagens tão diferentes e polêmicos quanto um ator muito mais experiente. De cara viveu uma mãe solteira em Coração de Estudante. Logo depois, em Mulheres Apaixonadas, uma homossexual. Sua Moa em Da Cor do Pecado teve um tumor no cérebro. Sílvia, de Duas Caras, era uma psicopata. E agora Alinne está no ar como Luciana, a ex-modelo tetraplégica de Viver a Vida. “Acho que dou tanta intensidade aos meus personagens que nunca me escalaram para fazer apenas bonita. E também não faço o tipo gostosona”, diz, modesta.


Mais uma vez, Alinne tem impressionado pela atuação emocionada. Para gravar as cenas ela passa de 12 a 18 horas por dia numa cadeira de rodas, com movimentos limitados. No processo de preparação para a novela a atriz descobriu que cada paraplégico tem uma sensibilidade diferente no corpo. Por isso ela teve de se basear na condição física de uma pessoa especifica para imitar os movimentos. A jornalista Flávia Cintra é quem inspira a atuação de Alinne. Flávia acompanha a maior parte das cenas no set como consultora. “A psrte da cirurgia, no hospital, logo depois do acidente, foi a mais difícil. A Luciana ficava ali deitada sem mexer nenhuma parte do corpo. E eu ficava assim durante muitas horas”, lembra. Nessa fase da novela, tamanhaa entrega à personagem, Alinne chegou a ter um inicio de depressão curada, segundo ela, com algumas sessões de terapia.

Apesar do bom humor, durante nosso ensaio – realizado num domingo, único dia de folga da atriz-era visível seu cansaço. "Só não vivo a Luciana quando estou dormindo. Passo o dia gravando, quando chego em casa tenho de decorar o texto do dia seguinte, não me sobra tempo para nada. Estamos fazendo a novela praticamente ao vivo”, conta. Uma das coisas que Alinne mais sente falta são as aulas de balé, que ela praticava quatro vezes por semana. Além da falta de tempo, ela teve de parar porque o papel exige um corpo sem tônus muscular.

O início da carreira de Alinne foi bem peculiar. Como modelo era tão tímida que não conseguia nem fazer teste de comercias. “Travava só de olhar para a câmera”, lembra. Por meio da agência que trabalhava foi chamada para conhecer Ricardo Waddington, que na época dirigia Malhação. Em vez de ligar uma câmera o diretor resolveu apenas conversar com Alinne: “Fiquei bem mais à vontade, aí quando o Ricardo me perguntou sobre meu pai desabei ao contar que ele nunca quis me conhecer, que era filha de mãe solteira”, conta. “Chorei muito e quando saí de lá o Ricardo me comunicou que eu faria o papel de uma mãe solteira na novela Coração de Estudante. E eu disse:”Mas eu não sou atriz, não sei fazer isso!”. Ele me convenceu dizendo que do jeito que eu chorei e me expressei  era impossível que eu não fosse atriz”. Alinne teve trás meses para se preparar para a estreia. No entanto, no primeiro  dia de gravação, não conseguiu fazer uma única cena. Foi para casa chorando, mas no dia seguinte voltou ao set. Dali em diante começou a construir uma das carreiras mais sólidas das atrizes de TV de sua geração.

Quanto ao pai, chegou a conhecê-lo um tempo depois. Ele a procurou na TV Globo quando Alinne estava no ar em Da Cor do Pecado. Os dois se encontraram algumas vezes, mas um ano depois ele morreu. “Tivemos o tempo suficiente para preencher o vazio que existia”, resume.

Fora das telas, Alinne é do tipo low profile. Mora numa casa num condomínio em Itanhangá  com três cachorros, pomar e muitas árvores de fruta. Gosta de ficar no mato. Ela e o namorado Rodrigo Mendonça – dono de um bar irlandês na Lapa-, são avessos a badalação. "Evito ir ao Leblon, por exemplo. Não me sinto nada bem com um monte de fotógrafos me perseguindo”, diz.Para se ter uma idéia da vida simples que leva, durante as gravações da novela em Paris ela se permitiu pela primeira vez uma extravagância financeira. Impulsionada pela amiga Taís Araújo, Alinne comprou seu primeiro brinco de diamante, seu primeiro relógio Cartier, sua primeira bolsa grifada e seu primeiro vestido de festa. Quer dizer, no caso seis... (entre elas um Alaïa, um Dior, um Chanel, etc.) “Sou assim8 ou 80”, diverte-se.

Em maio a atriz despede-se de Luciana e volta a ser apenas Alinne. “Quero ficar mais solar depois que a novela acabar. Nadar, me movimentar.” Pausa merecida à espera de mais uma boa história para contar.


SCANS




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