O ator Odilon Wagner não tem medo de alterar o ontem. Caso pudesse se consultar com Vicente (Lázaro Ramos), o descobridor de novos destinos do longa "O Vendedor de Passados", o artista tem pedido de prontidão: "Iria me tornar músico. Sou apaixonado por piano, mas não tive tempo de me dedicar", explica o ator paranaense. Aliás, o desejo almejado por Wagner de modificar o que passou persegue com certo afinco a personagem de Ramos. Das quatro semanas previstas de filmagem do longa-metragem, três e meia serão rodadas na região, sob o amparo do Polo Cinematográfico de Paulínia.
Aliás, foi num dos estúdios que a produção do filme concedeu entrevista durante coletiva de imprensa. Além de Wagner, o bate-papo foi povoado pelas atrizes Alinne Moraes, protagonista ao lado de Ramos, Mayana Neiva, Lula Buarque de Hollanda, diretor da película, e Eliana Soárez, produtora da Conspiração Filmes. Lázaro Ramos está na região, mas não compareceu ao encontro por estar indisposto, como declarou a assessoria de imprensa antes do papo. "O Vendedor de Passados" foi orçado em cinco milhões,
Basicamente, o longa-metragem será construído na região. Além dos estúdios de Paulínia, locações na região serão aproveitadas. Mesmo que, na telona, a trama se passe no Rio de Janeiro. Parênteses: apenas quatro dias serão rodados na Cidade Maravilhosa. Na região, como conta a produtora, a produção filmará "numa estrada e no hospital, em Paulínia, e em Sousas". Detalhe: a casa de Vicente sairá do distrito campineiro. "É um imóvel peculiar. Ao mesmo tempo contemporâneo, ele traz coisas antigas. Transformamos um estúdio fotográfico em casa", explica Eliana Soárez. O elenco de apoio, bem como a figuração e boa parte da produção, também vem do Polo.
O roteiro do longa-metragem tem endereço certo: o livro homônimo escrito pelo angolano José Eduardo Agualusa. "Livremente inspirado", destaca o diretor. Na realidade, a versão tupiniquim descarta o contexto original do romance, ambientado sob as farpas da guerra civil na Angola, para aproximar a história da contemporaneidade do País. "Aproveitamos o arquétipo desta personagem. Qualquer sociedade pode ter um vendedor de passados, que transforme a história dos outros", avalia. O roteiro, que levou um bom tempo para ser maturado ("comprei os direitos há cinco anos", lembra Hollanda) tem assinatura de Isabel Muniz e Hollanda.
Um filme de atores. Dessa forma, pode se resumir o longa-metragem. O próprio diretor dá o braço a torcer. "Está muito voltado ao elenco. Percebo que há espaço para o desenvolvimento das personagens...", conta. A partir deste viés, a produção apostou na preparação artesanal do elenco. Ensaiaram as cenas mais de um mês, antes de levar as personagens ao set. Para tanto, foi contratado um preparador de elenco. No caso, o ator Gustavo Machado. "Ele foi um provocador. Colaborou para disparar sensações. Foi essencial ao trabalho", explica a atriz Mayana Neiva.
Desafio
Alinne Moraes não fez tipo. Escolheu a personagem de "O Vendedor de Sonhos" como uma das mais desafiadoras da carreira. A dificuldade, destaca, vem pelo mistério em demasia de tal mulher. Não há referências. "Tudo é muito possível. Assim, fiquei sem parâmetros. Esse mistério que ela tem, de não revelar nada do passado, garante uma liberdade muito grande. As escolhas dificultam. É mais gostoso", justifica a atriz.
A trama
Em "O Vendedor de Passados", uma dupla reconstrói figuras. Enquanto um cirurgião plástico (Odilon Wagner) muda o físico dos clientes, cabe a Vicente alterar o passado das pessoas. Contudo, a passagem de uma mulher misteriosa abala a estrutura de Vicente. Tendo como pano de fundo uma história simples, o longa-metragem "discute o íntimo", avalia Mayana Neiva. Wagner divide a mesma opinião da colega e acrescenta: "Ele mostra histórias de vida de pessoas. Quem não gosta de uma boa história bem contada".
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