14 de setembro de 2014

Revista Claudia: Um novo olhar para o mundo depois da maternidade

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Acumuladora de sucessos na TV, a atriz Alinne Moraes tem dois filmes na manga para entrar em cartaz no ano que vem e já declara saudades das novelas. Mas o papel principal do momento é o de mãe de Pedro, seu primogênito, de 4 meses - que diz tê-la tornado "uma pessoa mais serena"


Dalila Magarian/realização LENA
CARDERARI/fotos Daniel KLAJMIC




Alinne Moraes chega deslumbrante. Mal dá para acreditar que há pouquíssimos meses aquele corpo tão esguio deu à luz seu primeiro filho, Pedro. A estreia como mãe, no dia 8 de maio último, deixou nas nuvens essa capricorniana de 31 anos, nascida em Sorocaba (SP). O fato, ainda por cima, mudou muita coisa na cabeça e na vida prática da atriz, que há dois anos divide o teto com o cineasta Mauro Lima, diretor do filme Meu Nome Não É Johnny, de 2008. Alinne, por exemplo, parou de fumar durante a gestação e diz que se tornou "uma pessoa mais serena" depois do nascimento do bebê. Uma explicação: "Antigos vazios emocionais que me acompanharam a vida toda foram, enfim, preenchidos com a maternidade".Filha de mãe solteira, criada com a ajuda da avó, Alinne só conheceu o pai biológico aos 20 anos. Não à toa, conta que quis muito acertar na escolha do pai de seus filhos. Garante que mirou e atingiu em cheio o alvo. "O Mauro é o melhor pai que o Pedro poderia ter", garante toda derretida. Alinne também passou o início da adolescência se sentindo um patinho feio. Quando olhava no espelho, via-se magra demais, quase sem curvas, dona de um rosto muito anguloso e, pior, com uma boca carnuda que lhe parecia meio estranha. As supostas imperfeições não paravam aí. “Eu tinha os ombros curvados, era desajeitada”. "Foi o balé que me deixou com os movimentos mais delicados e a postura ereta."De qualquer forma, o mundo lhe via diferente. Tanto que aos 14, ela já estrelava capas de revistas e desfilava nas passarelas de Tóquio, Milão, Paris e Nova York. Dali para a TV foi um pulo, impulsionado por cursos de artes dramáticas e de expressão corporal. É que Alinne é do tipo que não espera nada cair do céu. Determinada e dedicada, gosta de fazer por merecer. E as coisas realmente aconteceram para ela. Desde a primeira novela, Coração de Estudante, de 2002, já foram 18 trabalhos na televisão e sete longas, dois deles ainda inéditos. O Vendedor de Passados, de Lula Buarque de Hollanda, e Tim Maia, no qual ela é dirigida pelo marido, serão lançados em 2015.A atriz estava escalada para fazer par romântico com Giovanna Antonelli na novela das 9 da Globo Em Família, de Manoel Carlos, quando descobriu a gravidez. Desistiu do papel feliz da vida. Ser mãe, afinal, era um sonho que desejava realizar até os 30 anos. O destino só tinha conspirado a favor, apesar de um ligeiro atraso. A caminho dos 32, que completará em dezembro, ela fala a seguir sobre seu novo papel de mãe e outras intimidades.

A gravidez não era planejada?
Sempre quis ser mãe e, no ano passado, estava deixando rolar. Nunca tive o sonho de casar de véu e grinalda, mas a maternidade era um desejo forte. O curioso é que já estava pronta para adiar o sonho de novo por cauda do convite do Manoel Carlos quando descobri a gravidez. Aconteceu no último minuto do segundo tempo. Claro, foi uma alegria.

Você pensa em ter mais filhos?
Sou filha única, como minha mãe, e sempre imaginei ter dois, mas é cedo para decidir. O Pedro é muito novinho e tem pintado vontade de voltar a trabalhar, de fazer TV.

Por causa da gravidez, você parou de fumar. Foi difícil?Muito menos do que esperava. A gravidez foi tão importante para mim que todo o resto ficou em segundo plano. Deixar o cigarro foi a única coisa que mudei na minha vida por causa da gestação. E valeu a pena.

Você voltou rapidamente à forma. Qual é o segredo?Não dá pra chamar de segredo. Acredito que amamentar produziu esse efeito, digamos, colateral. Mas sempre fui de comer direito também. Então, deve ser uma combinação das suas coisas.

O parto foi como planejado?
Foi normal e rápido. O Pedro nasceu em dez minutos! Descobri que sou boa "parideira". Tenho amigas que se prepararam para o parto normal e, no fim, precisaram fazer cesariana. Preferi não sonhar e nem planejar nada. Deixei as coisas acontecerem. E não fiquei preocupada com o sexo do bebê. Tentar manter controle sobre as coisas acaba criando muita ansiedade.

Seu bebê nasceu prematuro. Como foi?
Costumo dizer que o Pedro escolheu quando queria nascer. E foi com 36 semanas de gestação, ou seja, oito meses, sem qualquer problema e com bom peso: 2,9 quilos.

A maternidade mudou sua visão de vida. Em quê?
A chave foi entender que a gente não se torna mãe de um dia para o outro. As coisas vão acontecendo. Antes de o Pedro nascer, eu me cobrava muito, receava não fazer a coisa certa. Na hora, veio uma paz. Percebi que não adianta querer ser a dona de todas as situações, é impossível. Também vi que não dá para dominar o que você não conhece. As constatações me deram tranquilidade para lidar com o novo. Além disso, antigos vazios emocionais que me acompanharam a vida toda foram, enfim, preenchidos com a maternidade. Hoje, sou uma pessoa mais serena.

Você conheceu seu pai adulta. Isso ainda mexe com você?
Agora não mais. Mas, certamente, é uma das coisas que mais me emocionam em relação ao Pedro. Sempre pensei que precisava dar o pai certo para meus filhos, não poderia errar nessa escolha. E não errei. Fico realizada vendo a relação do Mauro com o Pedro. Às vezes, me pego no corredor de casa ouvindo os dois juntos e me comovo.

E como foi o reencontro com seu pai?
Meus pais tiveram um breve romance e , quando nasci, ele nunca fez parte da minha vida. Enquanto estava em Da Cor do Pecado (2004), ele ligou para a Globo para me procurar. Quando recebi o recado, decidi conhecê-lo. Mas já tinha essa questão resolvida dentro de mim. Não chegamos a conviver, pois ele adoeceu e morreu logo depois. O que sinto hoje uma espécie de falta do que poderia ter sido. Sabe aquelas coisas que ficam só na imaginação? Pelo menos deu tempo de esclarecer algumas. No fim, foi bom a gente ter conversado.

Com a chegada do bebê, como organizou a vida e quem ajuda nas tarefas da casa e de mãe?
O mauro me ajuda. Ele tem se mostrado um pai incrível, mesmo sendo de primeira viagem também. É quase uma mãe! Deu o primeiro banho e dá até hoje, no chuveiro mesmo. Minha intuição estava certa: o Mauro é o melhor pai que o Pedro poderia ter. Não contratei logo babá porque quis fazer tudo sozinha. Esta, aliás, foi a primeira vez em que o deixei em casa apenas com o pai. Tirei o leite do peito para duas mamadeiras que ele deveria tomar e vim tranquila para fotos e entrevista.

O que mudou na rotina do casal?
Tudo ainda é novo para ambos. Estamos nos adaptando. O importante é que agora nos tornamos uma família de fato. O Pedro nos uniu mais, transformou nossa relação em um casamento. Estamos mais sólidos do que nunca.

Que erros você teme cometer como mãe?
Já estou preparada para cometer vários erros, mas também para me perdoar por eles. Acho que errar faz parte do processo. Tentar acertar é o que importa. O que menos desejo é me tonar um peso na vida do Pedro ou jogar sobre ele expectativas pessoais. Quero que se sinta livre para fazer as próprias escolhas.

Você já fez terapia?
Sim, por seis anos. Acredito que um ator sem análise é o mesmo que um jogador sem fisioterapia. Terapia é um importante processo de autoconhecimento.

O que descobriu de mais marcante durante as sessões?
Cada pessoa chega a ligar próprio na terapia. O meu, eu acho, foi descobrir como trabalhar as culpas, que são comuns a todos nós.

Como venceu sua declarada timidez?
Não venci, ainda sou muito tímida. Mas meu trabalho ajuda bastante. Visto uma máscara e ela me permite brincar.

Você já afirmou em entrevista ser ateia. Pesou declarar que não acredita em Deus?
Fui mal interpretada. O que eu disse é que o brasileiro é um pouco de tudo: católico, budista, espírita... Se você é um pouco de tudo, então não é nada. Penso que ter fé é uma coisa bonita. Mas religião é igual futebol, no sentido de que não dá para entrar nessa discussão, pois cada qual pensa de um jeito. O que sinto é que não dependo de um Deus para tomar minhas decisões. Quem decide se faz uma coisa ou outra, se ela é certa ou errada sou eu mesma.

Mas deve ter lá suas superstições. Originalmente, seu nome não era com um N só?Na realidade, é Aline, com um N só. Quando comecei a carreira, tinha apenas 17 anos e todo mundo escrevia meu nome com dois. De certa maneira, imaginei que estava dando sorte. Hoje, acho cafona esse negócio de dobrar letras. Mas é como fazer uma tatuagem: agora não dá mais para mudar.

Como você se saiu no papel de dona de casa? É boa na cozinha, por exemplo?
Aprendi a cozinha com minha avó, Maria. Faço bem arroz, feijão, frango, carne, farofa, lasanha, bolo... Eu me viro bem. Não sei preparar pratos sofisticados. Mas não tenho empregada, só uma faxineira.

Em Viver a Vida, você encarnou uma modelo que fica tetraplégica. Papéis assim mudam sua perspectiva de vida?
Era impulsiva e ansiosa, e essa personagem me acalmou. Descobri que somos todos frágeis e sensíveis, cada um a seu modo. Também aprendi que a gente tem de viver bem o momento presente e não planejar demais as coisas nem correr feito louca atrás do futuro. Se viver bem o presente, você tem altas chances de se dar bem nesse futuro. 








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