14 de agosto de 2015

Revista Marie Claire: Sou uma mãe baladeira

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Agosto, 2015



Uma adolescente lésbica, uma modelo tetraplégica e uma psicopata estão entre os personagens mais marcantes das dez novelas em que Alinne Moraes brilhou. Mas a atriz diz que desafiador mesmo é interpretar sua primeira heroína romântica, a Lívia de Além do Tempo, atual trama das 6. Papel novo em sua vida é também o de mãe que desempenha desde o nascimento de Pedro, de 1 ano. Aqui, ela fala sobre a volta à TV, o início como modelo, e revela ter superado momentos dolorosos, como o reencontro com o pai.


por Dolores Orosco
fotos Fabio Bartelt (Monster Photo)
edição de moda Larissa Lucchese



A imagem de mãe de primeira viagem, estressada, cheia de olheiras e com o relógio biológico bagunçados pelos choros e mamadas do recém-nascido na madrugada passou longe de Alinne Moraes. A atriz paulista garante que, desde o nascimento de Pedro, de 1 ano e 3 meses, estabeleceu regras e horários rígidos na rotina do bebê. Isso fez com que ela e o marido, o cineasta Mauro Lima, encarassem a chegada do primeiro filho com mais tranquilidade. "Sou uma mãe britânica", diz ela. Graças ao esquema quase militar de organização, Alinne pôde voltar da "licença-maternidade" sem angústias. Depois de três anos afastada das novelas para se dedicar ao primogênito, ela vive Lívia, a protagonista de Além do Tempo, trama das 6 escrita por Elisabeth Jhin, que estreou em Julho. "Posso trabalhar com a cabeça livre de preocupações. Sei exatamente como meu filho está. Essa logística dá segurança para mim e para ele. A disciplina é libertadora".


Mas não confunda disciplina com caretice. Juntos há três anos, Alinne e Mauro são pais moderninhos - adoram baladas e, mesmo com a chegada do filho, não abriram mão delas. "Temos uma turma grande de amigos com quem saímos para jantar, dançar e tirar o pó do esqueleto. A gente trabalha tanto na vida quem, sem diversão, nada vale a pena". O que empolga a atriz são as vilãs folhetinescas. Papéis como a psicopata Sílvia, de Duas Caras (2007), e a modelo tetraplégica Luciana, de Viver a Vida (2009), são marcantes em seus 15 anos de carreira. Mas, segundo Alinne, nenhum foi ão desafiador quanto a heroína romântica que interpreta agora pela primeira vez. "A mocinha é bem mais difícil, pois não oferece tantos recursos quanto as vilãs. Ela é boazinha e está sempre fazendo o que esperam dela", explica. "Mas não é isso que me preocupa. O mais importante é achar um jeito de contar a história". À Marie Claire, a atriz revelou momentos de sua própria história, que até parece saída de novela. Da adolescência passada com a mãe e a avó em Sorocaba, interior de São Paulo, ao dia em que conheceu o pai aos 21, a trajetória de Alinne tem lances tão surpreendentes quanto os das personagens que interpreta. Leia a entrevista. 

MUDANÇA DE IDENTIDADE
"Ganhei 20 kg na gravidez e teria engordado mais de 10 kg se o Pedro não tivesse nascido de 36 semanas em vez de 42, como eu achava que seria. Amamentei até os oito meses e durante essa fase você não é mais uma mulher. Você é um peito, é uma mãe, e ponto. Aos poucos, fui me livrando das roupas de gestante, trocando o sutiã de amamentação por uma lingerie nova e esse processo ajudou a me reencontrar como mulher. Já recuperei meu peso e foi sem neurose. Só amamentando, fazendo uma dieta equilibrada e voltando ao balé, que faço há 13 anos. Mas meu corpo nem de longe é o mesmo: perdi colágeno, tônus, a celulite veio com tudo... Nunca fui obcecada com vaidade, nem tenho medo de envelhecer. Sendo atriz, minhas linhas de expressão são ferramentas: com elas vou emocionar e dar credibilidade às personagens. Estou há 15 anos anos na TV e as câmeras às vezes me mostram coisas que não vejo no espelho. Meus olhos, por exemplo, estão mais fundos. Mesmo assim jamais paralisaria minhas expressões com excesso de botox ou plásticas. Mas também não sou radical... Outro dia, uma amiga que também é atriz me contou que deu uma leve puxadinha no rosto. Foi um lifting que deu uma levantada no olhar e ficou bárbaro! Quem sabe mais para frente eu faça também?”

MÃE BRITÂNICA"Sou uma mãe que não desce do salto. Meu parto foi normal, dei entrada na maternidade às 8h e oito minutos depois o Pedro nasceu. Eu e o Mauro somos um casal noturno, gostamos de passar a madrugada estudando roteiros ou sair para curtir. Lá em casa nunca teve esse negócio de criança acordando às 6h da manhã. Nosso filho dorme às 23h e desperta às 10h. Claro que durante a amamentação não foi exatamente assim, mas já nos dois primeiros dias de vida foi tudo cronometrado. De três em três horas eram as mamadas, além de horários fixos para cada troca de fralda, banho e sono. No terceiro dia, o Pedro estava tão acostumado ao esquema que consegui sair para jantar com meu marido e o deixei dormindo em casa com a babá. Vejo mães que deixam o recém-nascido mamar quando tem vontade, cochilar a qualquer hora e aí ficam escrava da criança, estressadas. Escolhi trazer meu filho para minha rotina, e não o contrário. Faço questão de ser uma mãe britânica, porque ter disciplina é libertador".

NO APÊ DAS TOPS
"Com 12 anos, tinha 1,72 m de altura, esse bocão e era magricela. Menstruei aos 13, meus seios ficaram grandes e com 14 já parecia uma mulher formada. Quando comecei a ser modelo, aos 15, até me chamavam para alguns editoriais com apelo sensual. Quando recebi o convite de uma agência fashion, minha mãe não podia deixar Sorocaba, onde vivíamos para me acompanhar a São Paulo, pois trabalhava como professora. Então minha avó veio cuidar de mim no apartamento que a agência mantinha para as new faces, nos Jardins, Morávamos eu, a Alessandra Ambrósio e a Isabeli Fontana. Em algumas épocas a Gisele Bundchen e a Fernanda Tavares se hospedavam conosco. Mas eram passagens curtas, porque elas eram bem requisitadas em Nova York. Cheguei a trabalhar no Japão e na Itália, mas nem deu tempo de desenvolver uma carreira lá fora. Surgiu o teste para a novela Coração de Estudante (2002) e passei. E foi uma personagem muito especial: a Rosana era uma jovem universitária, mãe solteira, que vivia em uma república de estudantes em uma cidadezinha n interior. Era praticamente a história da minha mãe!"

VIDA INVADIDA
Só conheci meu pai aos 21 anos. Minha mãe era bem novinha quando engravidou, foi um romance passageiro. Nunca perguntei muito dele para ela porque sabia que isso a machucava. E também não sentia raiva dele por não tentar uma reaproximação. Imaginava que seria doloroso para ele surgir em minha vida, por vergonha ou por medo, tanto tempo depois. Pelo menos foi isso que me explicou em nosso primeiro encontro, que aconteceu da forma mais cruel. Estava em minha segunda novela (Mulheres Apaixonadas, 2003), quando, durante uma entrevista, a jornalista insistiu em saber o nome do meu pai. Ingênua que era, contei. O texto da reportagem foi todo baseado em declarações dele - o localizaram em Londrina, no Paraná. Até, então, não tinha ideia de como era seu rosto ou sua voz e fui obrigada a lidar com sua existência em uma página de revista... Sofri demais, envelheci uns dez anos. Mas tomei coragem e fui encontrá-lo em sua casa. Conversamos até de madrugada. Mantivemos contato durante um tempo, por telefone e e-mails mas oito meses depois ele faleceu. Tentamos criar um vínculo, mas a vida não permitiu.

CASAL BALADEIRO
O Mauro [Lima, cineasta e marido] é muito livre, tem a cabeça aberta e sempre se coloca no lugar os outros. Essas são características minhas também e acho que por isso sempre foi fácil para a gente resolver os problemas nesses três anos juntos. Nossa relação não tem espaço para 'DR', ciúme e coisa boba. O que a gente quer é ver vida no olhar do outro, quer ver o outro gozar. Ele traduz mil peças de teatro, escreve roteiros geniais e é um puta cineasta. Tenho o maior tesão no meu marido e sou capaz de ficar enumerando suas qualidades o dia inteiro. Gostamos de sair com nossa turma de amigos, de ir para a balada dançar e tirar o pó do esqueleto. Sou uma mãe baladeira e isso é melhor que terapia. Se a vida não tiver esse brilho, não vale a pena".
SCANS





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