9 de dezembro de 2007
Não se engane: aquele olhar de princesa e o jeitinho inocente são apenas disfarces, porque Sílvia, personagem de Alinne Moraes em "Duas Caras", vai se revelar uma vilã bem perversa. Para a atriz, o papel mostra que a patricinha é, na verdade, uma pessoa bipolar. "O perfil dela é muito aberto. Queria saber se ela era mocinha, vilã ou meio termo, não tive uma resposta até agora", comenta Alinne, que confessa ter encontrado o seu lado mau aos cinco anos. "Matei um coelhinho, mas não sei o que aconteceu. Chorei muito. Não foi por maldade", conta, sorrindo.
Há dois anos, a atriz resolveu dar uma parada com as novelas. Tirou férias da TV, estudou teatro, começou a fazer balé e viajou para Paris, de onde trouxe a idéia do visual de franjinha. "Todo mundo estava usando esse perucão", brinca.
Aos 24 anos, Alinne se diz mais amadurecida e capaz de praticar a "arte" de falar sobre a sua vida pessoal sem se expor demais. "Consigo sair do lugar comum de dizer: 'Não falo sobre a minha vida pessoal, mas sem extrapolar o meu limite'. Falo, mas procuro não expor a pessoa que esteja ao meu lado", no caso de Aline, é o ator Sergio Marone com quem namora há um ano.
EPN - Em uma recente entrevista, você reclamou que era desengonçada para dançar... O balé já lhe deu mais segurança para dançar à noite?
ALINNE MORAES - Muito. Já arrumei até uns novos passinhos. Sempre tive problema de postura porque uso salto desde muito nova. Agora tenho uma melhor consciência corporal.
EPN - E na maneira de se vestir? Você adquiriu uma postura mais clássica também?
AM - Sempre gostei muito de moda, mas tenho essa coisa mais básica. Gosto do chinelinho, do confortável sempre. Mas, depois das férias em que viajei para a França, mudei um pouco o olhar para estilo. Tenho investido um pouco mais e já saio à noite mais produzida. Estou tirando o estilo menininha para o de uma mulher de 24 anos.
EPN - O seu namorado também diz estar vivendo um período de amadurecimento. Acha que essa convivência de vocês é o que está fazendo com que esse 'crescimento' se concretize?
AM - Quero deixar claro que não moramos juntos, só estamos namorando e vivendo uma fase de transformação que é natural em todo ser humano. Temos a tendência de procurar no outro o seu próprio eu. São as afinidades. Mas acredito que essa consciência venha com a idade e nós temos a mesma faixa etária.
EPN - Já pensam em casamento?
AM - Estamos curtindo muito essa fase de namoro, penso muito no agora. O presente a gente vai vivendo. Tudo tem o seu tempo. Estou longe da minha família morando no Rio e investindo no meu trabalho de atriz. Quero me aperfeiçoar muito mais.
EPN - Você diz que não se importa em falar da vida pessoal, mas evita falar de relacionamento...
AM - Eu falo, mas não me aprofundo. O que eu vivo na minha casa poucas pessoas têm acesso.
EPN - Tem dificuldade em impor esse limite?
AM - É complicado porque a gente trabalha com um meio que expõe demais, mas a gente tem que fincar o pé no chão. Se minha mãe fosse atriz, por exemplo, eu jamais falaria da nossa relação, porque ela seria uma pessoa pública também. Como namoro um ator, não me sinto no direito de expor a vida dele.
EPN - É complicado lidar com egos inflados?
AM - A gente vive no meio de muita vaidade. Trabalho desde os 14 anos como modelo e me via em capas de revista. Quando fui fazer 'Coração de Estudante' já senti nos primeiros capítulos o poder da telenovela. Saí na rua e as pessoas gritavam: 'Aline eu te amo'. Me perguntei: 'Como assim? Se a gente não se centrar, pira mesmo. Essa coisa de estar na lista das mais sexy então... O que é isso? Existem mulheres lindíssimas, mas existem as 'do momento'. O que sou na TV não traduz a minha realidade.EPN - E o que traduz a sua realidade?
AM - Quero envelhecer atuando e lúcida. Vou estudar, quero fazer as coisas que gosto, com quem gosto e não entrar na paranóia de que sou 'a atriz'. Falo da minha vida pessoal sim, mas aprendi a me preservar. Assumi as rédeas e aprendi a cuidar da minha imagem.
EPN - Esse "pé no chão" te ajuda a superar traumas como a morte do seu pai (morreu há três meses)?
AM - A arte me salva em todos os aspectos. No meu caso, a primeira cena que tive que fazer em ''Duas Caras' a Sílvia recebia a notícia de que o pai havia morrido. Eu refiz essa cena na minha cabeça e revivi um momento que tinha acabado de passar. Só me acrescentou e me ajudou a amadurecer porque descobri que outras pessoas passam por isso de outras maneiras. Isso me tocou profundamente, pois houve uma troca. Aprendo muito com todas as personagens que faço.
(Jornal Pequeno)
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