Postado em 9/5/14 | Atualizado com os scans e editorial na íntegra. Obrigada a nossa visitante 'Rosa' por gentilmente nos enviar por email.
Aqui vale uma pequena introdução:
para o mês das mães, eis a mãe do ano, Alinne Moraes. Que, na maior gentileza,
nos recebeu em sua casa, no seu momento mais íntimo, para nos deixar assim,
felizes, boquiabertos. Para escrever o texto, convidamos o pai do bebê, o
cineasta Mauro Lima. Outro gentil, que usou de sua notória habilidade narrativa
para fazer um registro bem solto desse momento do casal - agora uma família,
com dois cachorros e o Pedro. Bem-vindo, garoto. Você deu sorte, seus pais são
legais pra caramba.
SEXO, PAMPERS E ROCK'N'ROLL, por
Mauro Lima
Há quase dois anos, no então Dia
dos Pais, publiquei no Instagram, logo abaixo uma foto do meu finado pai, uma
felicitação que dizia algo como ("algo como" é porque estou com
alguma preguiça de chafurdar o aplicativo até achar a foto certa): "Um
feliz dia pra quem tem pai, pra quem tem filho e pra quem não os tem". Na
ocasião, eu me enquadrava nessa última classe. Entretanto, no próximo Dia dos
Pais, vou observar minha própria mensagem de outro espectro. Já serei pai de um
menino e a mãe é a moça cuja beleza estampa esta que vocês folheiam.
Revisando o parágrafo anterior já
detecto uma fanfarronada da minha parte; ficou parecendo que as fotos dela
ilustram o meu texto. Obviamente não é isso, mas o contrário. O ensaio dela
veio antes do meu texto e as imagens têm vida suficiente pra dispensar essas
mal traçadas. A verdade é que o meu amigo, também, editor, teve essa ideia e eu
achei simpática. É um bom registro desse momento. Afinal, meu filho já aparece
aqui protegido por ventre bonito e bem pronunciado, como um papagainho de
pirata às avessas. Claro que já fiz um monte de registros eu mesmo, mas, de
longe, não sou bom fotógrafo como o Daniel e não tenho o Juliano nem o Zuel em
casa todo dia.
Muito bem, a missão que recebi é
a de produzir um texto de coisa de 5 mil caracteres (com espaço, eu espero).
Não sou jornalista, portanto, quando me deparo com atribuições dessa natureza, invariavelmente
mergulho num flashback do ensino secundário; as infernais "redações de
tema livre" e o proverbial "branco" atravessando o córtex. À mão
livre, a gente sempre podia aplicar o velhíssimo truque da caligrafia
"obesa". Lamentavelmente, com a ferramenta word count isso não se faz
mais possível. Porra, Jeff... Você podia usar uma fonte maior... assim meio
"Armless john". Eu não conto pra nenhum colaborador. Nem pra Rô... Enfim,
afora tentar golpetas mequetrefes, fico tentando ter ideias e o prazo vai me
atravessando a criatividade como na janela de um TGV. Sei que posso criar mais
volumes do que a Divina Comédia despejando loas à minha amada, o fato é que ela
própria não acha isso criativo. Ela já fez alguns ensaios com textos dedicados
À sua graça, beleza, sensualidade e talento. E, é bem verdade, também já
assinei textos pra editoriais com atrizes com quem já trabalhei. O caso aqui é
outro, eu poderia irritar o leitor inundando páginas com a baba viscosa de um
homem apaixonado. Acho que esse nem seria o perfil desta publicação, mas o de
um folhetim romântico voltado para donas de casa dos anos 1950. Conclusão; enquanto
escrevo tento descobrir o que diabos estou fazendo... E suspeito que o
mais desatento leitor será capaz de perceber isso.
Parafraseando (e subvertendo) o autor Kurt Vonnegut: "Se você acha que meu
texto está uma bagunça, imagine como estão as coisas aqui dentro".
Além do que já disse aqui,
conjecturei também que meu filho pode, num futuro próximo, ter uma experiência
sensorial interessante e nova (ou velha) ao ver as fotos da mãe, segurando,
tateando e folheando, em vez de olhar para um amontoado de milhões de pixels,
todos organizados na tela de um telefone. Pixels já são o presente, mas,
honestamente, me foge o romantismo. Segurar o passado nas mãos vai ser algo
parecido com o que faço hoje com fotografias dos meus pais casando ou de férias
no Marrocos. Um dromedário, golas de camisa Cacharel, botas de couro marrom e
coisas assim. A inegável beleza que existe na desbotadura, nas cores
minguantes, no cheiro de emulsão fixadora fabricada num laboratório que encerrou
suas atividades. É como ouvir uma gravação de Julie London, dos irmãos Walker
ou da voz da Norma Bengell. Nao sei se consigo descrever bem... O fato é que
ficamos entusiasmados com a tecnologia futurista, mas a emoção real nasce na
memória. É o que nos faz humanos. O futuro é uma sequência de abstrações em
fila indiana. Pra mim, Deus está no passado.
A aparente convicção nas minhas
palavras, por outro lado, não tranquiliza muito a minha ansiedade. Nas
atividades de pré-natal me sinto o Tom Hanks num filme ruim. Com a mesma
frequência que leio artigos sobre paternidade, recorro a fotografias que baixei
do Google; todas da bela Anita Pallemberg e do feio Keith Richards, ambos carregando
seus pequenos em viagens mundo afora. "Sexo, Pampers e rock'n'roll".
Pra me ambientar, faço minha a memória do Keith. Bazofa minha, nem li a
biografia. É que fico querendo me encontrar nessa imagem mais do que num
anúncio de automóvel de quatro portas. Espelho de página dupla, contendo homem,
mulher, crianças e um cocker spaniel. Mas a (nada) dura realidade é que já
temos o carro de quatro portas e não um, mas dois cães... e três gatos.
Enfim, é só uma impressão juvenil
de que responsabilidade envelhece. Mas nosso filho não tem nada a ver com
responsabilidade e nem envelhecimento e sim com amor... E também a expressão
"juvenil" já não pode me qualificar há algum tempo. De toda forma, eu
espero não precisar reunir a nós e os animais todos no carro ao mesmo tempo.
Nem o Keith Richards seria capaz de algo assim. Bem, na verdade não sei. Acho
que já vi meu irmão fazendo isso.
Alinne responde para Jeff Ares
RG: Alinne, gravidez é mesmo a
coisa mais louca do planeta?
Alinne Moraes: É a coisa mais
longa do planeta!
RG: O bebê tem um nome de
celebridade (Apple, zabelê, Kryptus Há...) ou um nome de bebê, bebê mesmo?
AM: Nome de bebê mesmo; tipo que
na natação vai ter mais uns quatro; Pedro.
RG: A gravidez dá mais vontade de
rir ou chorar?
AM: Rir e chorar.
RG: Seus desejos gastronômicos
são sofisticados ou esdrúxulos? Exemplos, por favor?
AM: São calóricos, vão desde
pastel de feira a eclair de Baileys.
RG: Você aproveitou os pequenos
poderes da gravidez?
AM: Furo fila até em banheiro de
festa. Principalmente em banheiro de festa.
RG: Dá pra ser sexy com barrigão?
AM: No fim é um pouco difícil,
mas não impossível.
RG: Deu uma vontade louca de
trabalhar ou você quer é sossego e toda a licença que puder existir? E depois,
já tem um próximo projeto (desculpa usar esse termo, rs)?
AM: Zero vontade de trabalhar
(risos), só aguardando ansiosa a chegada do Pedro. Provavelmente em agosto
divulgarei dois longas: Tim Mia e O Vendedor de Passados.
RG: O pai dá pinta de que vai
trocar fralda?Ou há certo risco de fuga?
AM: Ele já aprendeu a trocar até
fralda de pano, mas existe altíssima probabilidade de fuga.
RG: O que seu filho vai ser
quando crescer?
AM: Livre.
RG: E que mãe você quer ser
quando crescer?
AM: Tranquila.
RG: Perguntei se ela queria fazer
autoperguntas. Ela quis:
AM: No útero ele tá mais pra boxe
tailandês ou ioga?
AM: Ioga tailandesa.
AM: Como pretendem lidar com o
assédio do paparazzo?
AM: Ioga tailandesa.
3 Comentários:
não tem a entrevista integral?Não consegui comprar a revista no periodo,não estão mais vendendo,pensei q aqui fosse o local que pudesse ler ela inteira.Se puder,postem.Adoro o blog.Bjos
Eu tb não consegui comprar :(
Oww,ok então obrigada mesmo assim
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