O que você acha da carência de ídolos com essa glamorização de celebridades instantâneas?
ALINNE - Acho que o mais grave está no “instantâneo” e não na possível ausência de ídolos. Posso buscar ídolos lá atrás, no passado, em outras décadas, séculos, onde quer que seja. Até mesmo no presente. O perigo está na necessidade de ídolos para consumo rápido e massificante. Em geral, esse conceito vai esvaziar, de qualidades próprias, o possível mito… Aliás, essa palavra mesmo perdeu bastante do significado. (Risos).
O que falta nas escolas hoje como matéria? Se você fosse escolhida para lecionar qual seria?
ALINNE - Acredito que psicologia. Falta mais do conhecimento humano, mais de filosofia, antropologia, linguística. Antes do ensino superior, quase não se estuda o ser humano em si com seus medos, sentimentos, sensações, atitudes etc. Acho uma loucura como se exige tanto do raciocínio exato no preparo de um jovem e quase nada de um pensamento crítico. Muita álgebra, geometria, trigonometria, química e muito pouco sobre empatia, expressão. O adolescente é uma fonte de energia criativa, uma bomba de coisas boas. É alguém com quem se pode aprender, de quem se pode tirar (porque
tem muita a dar) e não enfiar em quadrados institucionalizados para um suposto mercado de trabalho. Por isso existe muita rebeldia e muitas crises na adolescência. Acho que tem muito a ver com o ensino.
Se eu pudesse entregar uma carta para o seu filho com 90 anos, o que você diria a ele nesta carta?
ALINNE - Eu diria para ele olhar para a beleza das coisas, diria que todos os dias são dias de recomeços e que ele pode, assim como qualquer um, optar sempre por um sorriso.
Se pudesse mudar algo em como foi educada, o que seria?
ALINNE - À minha maneira, admiro a criação que recebi de minha mãe e avó. Foram exemplos de mulheres trabalhadoras, independentes e donas de seus destinos. Minha mãe foi “mãe solteira” e sempre tive muito orgulho da força dela. Essa é uma forma de núcleo bem comum no Brasil e sobrevive muito bem (obrigado) sem o patriarcado. Se pudesse mudar algo não seria no núcleo, na forma como fui criada, ou mesmo educada, apenas queria ter conhecido o meu pai antes dos 22 anos.
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