3 de dezembro de 2003

Veja Rio: A Bela da Vez

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Como Aline Moraes deixou para trás 
a infância de patinho feio e se
transformou na beldade do momento

3 de dezembro de 2003
por Cristina Grillo


Os meninos de Sorocaba, no interior de São Paulo, devem estar morrendo de arrependimento. A garotinha alta e magrela que na escola era atormentada por coleguinhas pelos apelidos de "Bocão" e "Olívia Palito" mudou. Conquistou o público em Mulheres Apaixonadas com a personagem Clara, uma das pontas do pudico romance gay da novela; transformou-se num rosto disputado – e bem pago – no mercado publicitário brasileiro; prepara-se para ser uma das protagonistas da próxima novela das 7, Da Cor do Pecado. E, prestes a completar 21 anos, é sem sombra de dúvida um mulherão, daquele tipo que fica deslumbrante de calça jeans, camiseta e sandália havaiana, sem um pingo de maquiagem. "Eu me acho bonita, não dá para mentir, mas trabalho com isso há tanto tempo que não é uma coisa em que eu pense", diz.

Há tanto tempo significa os últimos oito anos. Desde o dia em que caiu nas mãos de Ana Cecília, mãe de Aline, uma revista que promovia um concurso para escolher uma beldade no início da adolescência. À vencedora, a capa. "Eu sei que toda mãe diz isso, mas Aline era muito bonitinha. Então eu mandei fotos dela sem que ela soubesse", conta Ana Cecília. Se fosse num conto de fadas, o resultado não seria melhor: a linda mocinha às vésperas dos 13 anos ganha a capa da revista, logo depois é selecionada para a campanha publicitária de uma badalada grife de jeans e engrena com uma temporada em Tóquio, meca das modelos teens. "Lá em Sorocaba não me preocupava com moda. Nunca havia saído do Brasil e quando cheguei a Tóquio achei que tinha caído em outro planeta." Em outro mundo, mas bem acompanhada – e bem vigiada: a mãe foi junto. Aline não passou por aqueles microapartamentos em que se amontoam dezenas de modelos vivendo à base de folhas de alface não para manter a forma, mas para economizar. As duas alugaram um quarto na casa de uma família japonesa, com direito a freqüentar a cozinha e preparar pratos que se assemelhassem àqueles feitos em casa, no Brasil. "Como é que eu ia largar uma menina de 14 anos sozinha no mundo? Ela é minha única filha, e eu tinha de dar apoio. Deixei o trabalho e fui junto", relembra Ana Cecília.


Fotos de arquivo pessoal:


Seis momentos de Aline: ainda bebê e num dos primeiros desfiles em Sorocaba (no alto); com uma equipe de produção durante a temporada no Japão (imediatamente abaixo); estilo sexy em editorial de moda e em capa de revista aos 14 anos (abaixo, à esq.); e jeito de Isabela Rosselini na capa de revista italiana



Tóquio, Paris, Milão, Nova York. Algumas capas de revistas, alguns anúncios, algum prestígio. "Fazia muitas fotos, mas não emplaquei em passarela porque sou baixinha (mede 1,73 metro, pouco para os padrões do mundo da moda). Dinheiro que é bom, eu não ganhava, porque, como minha mãe ia junto, a despesa era dobrada." O jeito foi, numa das voltas ao Brasil, aceitar o conselho de amigos, apostar na publicidade e em testes para a TV. "Eu insistia na moda, mas percebi que já não era tão solicitada. A moda é assim, muda e te deixa para trás." Sorte do público, que ganhou uma bela atriz – mesmo que, no início, as perspectivas não tivessem sido as melhores. "Ela fez teste para Presença de Anita, mas o papel ficou com a Mel Lisboa", conta a mãe. O rosto anguloso e a boca carnuda chamaram a atenção do diretor da TV Globo Ricardo Waddington, que a incluiu no elenco de Coração de Estudante, estréia da moça na TV. Daí para uma participação especial em Os Normais e para o polêmico papel em Mulheres Apaixonadas, menos de um ano se passou.



A criação de Clara, a adolescente que tem um romance com a colega de escola Rafaela, papel de Paula Picarelli, aconteceu aos poucos. "No início, só sabíamos que seríamos amigas, mas começamos a desconfiar porque todas as reuniões de núcleo juntavam vários atores, e as minhas eram só com a Paulinha", diz Aline. Quando o caminho da personagem ficou definido, a atriz avisou à mãe o que viria pela frente. "No primeiro momento, fiquei preocupada que isso pudesse prejudicar a imagem dela. Depois, fiquei mais preocupada ainda porque lembrei que teria de contar para a avó dela", diz a mãe. Dona Maria Dorelli Randazzo, 83 anos, não gostou mesmo de saber qual seria a participação da neta na novela. "Ela é uma senhorinha de idade, foi um pouco difícil. Só ficou mais tranqüila quando eu disse que não teria beijo", conta Ana Cecília. 

A outra preocupação da mãe – possíveis arranhões na imagem da filha – mostrou-se infundada. Aline está em campanhas publicitárias de empresas de telefonia, cerveja e sandálias, entre outras. Os tempos em que o trabalho era muito e o dinheiro pouco ficaram no passado. Como todo artista que se preza, Aline não abre a boca quando o assunto é o valor dos contratos, mas estimativas do mercado publicitário avaliam que a moça não saia de casa para fazer uma campanha por menos de 150.000 reais. O pé-de-meia já foi suficiente para a atriz comprar um apartamento no Recreio dos Bandeirantes, para onde se muda em breve com o namorado, o galã de Malhação Cauã Reymond, 23 anos. "Ela é minha princesa, me transformou num homem, me deu responsabilidade. Até os momentos mais chatos de uma vida a dois são ótimos com ela", derrama-se Cauã, também um ex-modelo transformado em ator, trajetória semelhante à da namorada. "A gente se esbarrava pelo mundo, trabalhando em Paris, Nova York. Mas o lance só rolou quando nos vimos no Projac", diz ele. O namoro da lindinha da novela das 8 com o bonitão de Malhação virou assunto de todas as colunas – principalmente por causa de supostas desavenças entre os dois. "Brigamos como qualquer casal. Aposto que o Brad Pitt e a Jennifer Aniston também brigam. Mas estamos cada vez mais fortes juntos", afirma Cauã.

A dupla se prepara agora para dividir também a cena. Os dois estarão em Da Cor do Pecado, novela de João Emanuel Carneiro que estréia no fim de janeiro. Ela será Moa, uma surfista que disputará o amor do bonitão Reynaldo Gianecchini com a atriz Taís Araújo. Ele será Thor, irmão do personagem de Gianecchini na trama. "Talvez eu fique com um pouco de ciúme, mas tenho feito aulas de interpretação com ela para me acostumar com a idéia", confessa Cauã. A princípio, Taís Araújo deverá levar a melhor. Pelo menos é essa a intenção do autor. "A personagem de Aline pode crescer e se tornar uma concorrente muito séria para a personagem de Taís, mas os autores sempre guardam trunfos na manga. Eu posso transformar a Moa numa mulher cruel, que afoga criancinhas, por exemplo", brinca João Emanuel. 

Sobre uma coisa não resta dúvida: os meninos de Sorocaba carregam enorme culpa por ter azucrinado a vida da magrelinha Aline. "Encontro com coleguinhas dela nas ruas e eles me dizem: 'É, tia, se eu soubesse que ela ia ficar assim, não a tinha chamado de Bocão'", diz Ana Cecília. Pobres rapazes!


 
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