15 de fevereiro de 2008

Entrevista ao Bem Paraná

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25/02/08 às 12:05

Alinne Moraes: "Tem gente que torce o nariz quando passo na rua"

Alinne Moraes, 25 anos, é a vilã da vez. Ela é capaz de atentar contra criancinha e amaldiçoar a própria mãe. Tudo na pele de Silvia, da novela "Duas Caras", da Globo. A personagem é inspirada na Fera da Penha, protagonista de um caso real que chocou o País em 1960. Naquele ano, Neyde Maria Lopes seqüestrou e matou a filha do amante no Rio. A atriz, contudo, prefere se espelhar nas maldades de Bette Davis e Beatriz Segall na ficção para atuar.

A megera caiu nas mãos da intérprete quase sem querer. Mariana Ximenes recusou o papel e o autor Aguinaldo Silva e o diretor Wolf Maya convocaram a artista para vestir o figurino. Silvia sacode o currículo da paulista de Sorocaba, repleto de mocinhas como a Clara de "Mulheres Apaixonadas" (2003) e a Nina de "Como Uma Onda" (2004), entre outras. O telespectador reage à mudança. "As pessoas não gostam de mim", conta. A ex-modelo se adapta aos novos tempos. "Estou aprendendo a deixar o mau humor dela no trabalho."

AGÊNCIA ESTADO - Silvia era apenas uma dondoca na sinopse de "Duas Caras". Qual a reação ao descobrir que ela iria virar vilã?

ALINNE MORAES - Eu já imaginava essa possibilidade pelo nome da novela. Para mim, ela escondia muita coisa, sempre achei uma personagem misteriosa. Estava certa, ela é uma vilã de primeira linha. Ainda serão muitas maldades e já estou me preparando para isso.

AE - Como a mudança influencia sua atuação?

ALINNE MORAES - De cara decidi fazer Silvia bem simples, não podia marcar muita na atitude pois não sabia o que viria pela frente. Fiquei um pouco em cima do muro e esperei. Optei por usar um registro mais grave da minha voz, uma atitude física estudada, menos natural. Tentei fugir do que já havia feito na televisão. As pessoas estranharam, fiquei meio insegura, mas agora sinto que o público está entendendo e gostando. Ou melhor, odiando (risos).

AE - Onde buscou inspiração para compor a megera?

ALINNE MORAES - Adoro ver atores que se destacam como vilões. (A atriz americana) Bette Davis, por exemplo, era muito particular em suas atuações. A Beatriz Segall também foi uma inspiração. Silvia é minha primeira vilã, foi nascendo entre uma cena e outra. É a minha personagem mais difícil.

AE - Queria fazer uma vilã?

ALINNE MORAES - Muito. Que ator não quer uma máscara nova? Já passei por nove mocinhas e há muito tempo queria aprender a trabalhar com uma outra energia. Estava ansiosa e curiosa, me preparando para isso. É sempre um desafio fazer algo novo, dá sempre um medinho, mas a recompensa é bem maior.

AE - Ela é muito má. Consegue dormir à noite (risos)? Livra-se da tal energia diferente com facilidade?

ALINNE MORAES - Por enquanto, nenhum pesadelo (risos). Mas ainda estou aprendendo a deixar o mau humor dela no trabalho. É difícil. Quando chego em casa, preciso ficar sempre um bom tempo sozinha, tomo um banho quente, acendo um incenso e só depois penso em ligar o telefone, por exemplo.

AE - A personagem é do mal ou é vítima de um amor doentio?

ALINNE MORAES - Difícil dizer. Acredito que está amando de forma errada, tem um amor doentio. Ela não se ama de verdade, quer sempre chamar a atenção do outro, precisa dele para viver. É fraca, possessiva, rancorosa, egoísta, mimada e competitiva ao extremo. Até tem qualidades, mas muitos desvios.

AE - Já fez alguma coisa feia por amor?

ALINNE MORAES - Eu já errei por amor, mas não posso dizer que fiz coisas feias. O amor na vida real não combina com brigas e desentendimentos. Por isso, muitas pessoas acabam caindo na armadilha do amor doentio. Existe limite para tudo, até mesmo para amar. Nós não podemos achar que tudo é possível, caso contrário acabamos ultrapassando o limite do outro.

AE - Qual a cena mais forte até agora?

ALINNE MORAES - Quando Silvia disse a Ferraço (Dalton Vigh) que ele era um herói e que o amava ainda mais por ele ter confessado ser o grande vilão na história da Maria Paula (Marjorie Estiano) Foi difícil, tinha de acreditar no que estava dizendo e tudo ia contra os meus conceitos e princípios. Deixar de lado a minha autocrítica naquele momento foi delicado, eu sofria. O bom é que convenci muita gente, as pessoas não gostam de mim nas ruas (risos).

AE - Por que os vilões fascinam?

ALINNE MORAES - Porque normalmente são ricos, poderosos, sedutores, enfim, interessantíssimos. E sempre surpreendem o público. No meu caso, foi uma transformação. As pessoas não estavam acostumadas a me ver na pele de uma vilã e se assustaram A sensação (que tenho) é como se eu tivesse decepcionado meus fãs, sabe? Foram tantas mocinhas que Silvia ainda causa estranheza, antipatia. Tem gente que torce o nariz quando passo na rua.

AE - Quais são os vilões que admira? E os que te assustavam na infância?

ALINNE MORAES - Muitos na infância me assustavam, mas hoje nem me lembro mais. Já na dramaturgia admiro Ricardo III, que é um monstro sedutor. Lady Macbeth (personagem de Macbeth, de William Shakespeare) também é uma sedutora monstruosa (risos). E Medéia é uma mulher de uma passionalidade patológica. Tenho medo de me enxergar nessas personagens não só pela vilania, mas muito mais pela humanidade terrível que elas nos apresentam.

AE - Não sente falta de um toque de sensualidade ou de humor na personagem?

ALINNE MORAES - Cada vilão tem um caminho. Muitas coisas pegaram a Silvia de surpresa na história, o que a deixou seca, inflexível. Ela quer ter o controle sobre tudo. Costumo dizer que ela está enchendo como uma bexiga, mas daqui a pouco vai esvaziar tudo de uma só vez. Ninguém vai segurar essa garota.

AE - Você disse certa vez que nunca tinha feito um papel normal, sem um grande drama. Sente falta disso?

ALINNE MORAES - Essa não é uma personagem normal, é um desafio, um papel muito delicado. Eu nunca tinha feito nada parecido, por isso estou ralando e, ao mesmo tempo, me deliciando com um doce que não quero que acabe nunca (risos). Quero viver esse presente sem pensar nos futuros papéis.

AE - Sobra tempo para pensar em outros projetos?

ALINNE MORAES - Estrear a peça 'Dhrama' em São Paulo (que deve entrar em cartaz em junho).
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